Digo-te ainda.



Não poderia Ser
sem os girassóis que me falam ao entardecer
Não poderia Ver
sem a clareza da água do riacho
Não poderia Ouvir
sem o chilreio alegre do pintassilgo no telhado

Como poderia Amar-te, sem o toque feliz
Do silêncio?

Digo-te ainda que no relógio da torre
O tempo adormeceu cansado
Repousado em mantras delicados
Que em horas vivas
Madrugavam nas bocas

Agora, Amor, procura-me
No abraço forte do vento à árvore
Encontra-me
Na dureza da pedra
Evitada
E dúvida do embaraço da alfazema
Que te fala dos meus passos

Agora, Amor
Fico nesta cama de mar
onde a maciez é azul
e repouso na obra-prima
do cardo que desconhece Picasso.

Deixo que a poeira esconda o coração da rosa
E guardo a rosa no coração
Guarda-me a mim.

2 comentários:

Maria disse...

Há noites em que temos surpresas agradáveis navegando neste mundo virtual. Hoje é uma dessas noites.
Obrigada por me teres ensinado o caminho até aqui. Vou voltar, com certeza...

Anónimo disse...

Saudações fraternas! Minhas reverências as sublimidades dos teus versos liturgicos! Vinde outras vezes ao meu ao vosso (se quiseres) Amor ou Equilibrio.